Os primeiros passos, as primeiras palavras e brincadeiras dos filhos são ensinadas e acompanhadas pelos pais ou pessoas por eles delegadas como babás, avós, tios ou outras pessoas que cuidam das crianças desde os primeiros meses de idade.
Aos pais cabe ensinar boas maneiras, princípios, valores, respeito ao próximo, religião, diferenças entre sexos e tantos outros ensinamentos para que seus filhos aprendam a se portar na vida.
Normalmente os pais impõem aos filhos valores morais e princípios religiosos, entretanto, quando se trata de política costumam declarar: “isto não é assunto para criança”, então o assunto vira tabu, não é discutido e só aparece anos depois, se aparecer! Assim tem sido na vida de muitas pessoas que, por não terem recebido educação política, não discutem e cumprem o dever de votar apenas pela obrigatoriedade imposta no país e sem saber ou ter critérios para escolherem seus candidatos.
Claro que política é assunto de criança, que deve ser educada para honrar seus deveres e direitos como cidadão. Para compreender o processo político é necessário compreender como funcionam os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário e saber o que significa e implica eleger nossos representantes e o que a eles está determinado como missão.
Observando os últimos acontecimentos tanto nas esferas políticas, administrativas e judiciárias, que têm deixado perplexa e desacreditada a maioria da população esclarecida e as outras sem saber o significado da ética e as conseqüências que a ausência dela provoca em nossas vidas, chego à conclusão de que a primeira cartilha infantil deveria ser sobre os direitos humanos e os deveres acarretados. Depois, saber os direitos e deveres do cidadão segundo a Carta Magma da nação, bem como a importância do que ali está determinado!
Amar a pátria e respeitar os seus símbolos é conseqüência de ensinamentos e praticas que devem iniciar desde a primeira infância, como acontecia em tempos remotos, onde as crianças aprendiam e cantavam o belo hino nacional e outros de acordo com a data comemorativa. Hastear a bandeira nacional semanalmente era uma cerimônia obrigatória e, lembro-me, o fazia com orgulho e prazer.
Uma vez que estes princípios de cidadania sejam incutidos e aprendidos na infância, pode provocar o nascimento de um interesse natural pelo que acontece ao redor de cada um, bem como a observação das diferentes crenças, da avaliação do certo e errado, segundo as regras de consenso universal e o aprendizado do respeito mútuo.
A educação cívica e política desde os primeiros anos de vida é salutar para a criação de verdadeiros cidadãos conscientes de suas responsabilidades para com a pátria e seus concidadãos. Este aprendizado deve ser contínuo, evoluindo gradativamente, principalmente através do incentivo à leitura, a participação em solenidades cívicas e debates onde a opinião da criança, adolescente ou adulto seja levada em consideração e respeitada , bem como o seu direito de livre expressão e escolha. Quem aprende a se dar o respeito, respeita igualmente ao próximo.
Assim possivelmente poderemos ter cidadãos conscientes, interessados e capazes de participar ativamente da vida socioeconômica e política do país. Com conhecimento acumulado através da educação cívica, cada um poderá escolher melhor os seus representantes e governantes e, consequentemente participar do desenvolvimento da nação.
Uma longa jornada até os 16 anos quando passa, então, a ter o direito de votar.
Há de levar em conta que a carência de educação cívica e interesse político da maioria dos pais e mestres são grandes. Torna-se necessário, então, que esta lacuna seja preenchida de alguma forma.
Qualquer reforma política não será completa se não houver consciência política dos cidadãos e a melhor forma de se conseguir isto é através da educação da criança e, através de cada uma, sensibilizar e educar seus pais.
Já disse o poeta: “Criança, ama com fé e orgulho a terra em que nasceste”!
Suzely Ortênzio