sábado, 9 de fevereiro de 2013

O mundo da aviação mudou e está muito pior.

José Aparecido Ribeito (*)
 
Mais do que pagar multas de 3,5 milhões por vendas casadas, praticadas ilegalmente, as Cias Aéreas deveriam ser severamente punidas pela prática de DUÓPOLIO explicito. TAM e GOL agem sem o menor constrangimento, praticando tarifas absurdas, e não escondem a prática em seus sites de reserva. Trechos que custavam, há 6 meses atrás, R$200 reais, hoje não saem por menos de R$1.200 reais. Na semana passada, uma passagem BH/São Paulo/BH, emitida com 5 dias de antecedência, custou R$1.700,00 reais. O valor nas duas Cias Aéreas eram iguais até nos centavos.
 
A aviação mudou muito e mudou para pior. Houve um tempo em que o serviço de bordo era um verdadeiro banquete. A distancia entre as cadeiras permitia que o passageiro esticasse as pernas. Naquela época não sentia-se o bafo do passageiro da frente quando ele deitava a sua poltrona. Quando se perdia um voo, era possível ir no seguinte, bastando que houvesse disponibilidade. Os aviões eram menos seguros, mas muito mais confortáveis. Menores e mais barulhentos, mas muito mais espaçosos e o tratamento era mais humano e menos instrumental.

Assentar na saída de emergência não custava nada, ao contrario, elas eram ocupadas voluntariamente por quem se sentisse apto a opera-las. As mudanças de datas ou de horários não custavam outra passagem. Viajar de avião tinha um certo glamour. Tempos que não voltam mais. Hoje os aeroportos são piores do que rodoviárias, desconfortáveis, entupidos de gente, filas para todos os lados, até para tomar um café que custa 6 reais, tem filas. Os banheiros estão lotados e quase sempre sujos. Voar dentro do Brasil é mais caro do que para fora do País.
Na alta temporada, as passagens são proibitivas. Hoje vale muito mais o lucro, do que a segurança do passageiro. O serviço de bordo, que antes era um diferencial, está sendo cobrado e o preço é salgado. Paga-se para respirar o ar insalubre dos aviões. Se perder o voo, é melhor comprar outra passagem, pois nunca consegue-se viajar no mesmo dia sem ser expropriado pelas taxas absurdas. Não tem conversa. São as normas. Elas são frias, imutáveis e sempre contra os passageiros, nunca a favor. Promoções, só para “inglês ver”. Disponibiliza-se 5 assentos promocionais em um avião que transporta 200 passageiros e chamam isso de promoções.

Pedir reembolso de passagem custa 50% do valor pago e ainda assim vc precisa esperar 30 dias em media. Viajar com milhagens de outra pessoa é extremamente arriscado. Isso por que qualquer mudança só quem pode fazer é o titular, sempre pagando com pontos quase outra passagem. Os comissário não tem mais a delicadeza de antes, com honrosas exceções, são brutos, mal humorados e trabalham como robôs, repetindo o que manda a cartilha. Saudades dos tempos em que viajar de avião era motivo de satisfação. Tempos em que passageiros eram pessoas, e não instrumentos.

Sem estradas decentes, sem transporte publico minimamente confortável, viajar de avião não é luxo, é necessidade. Este novo cenário revela que nem sempre a saúde financeira ou o tamanho da Cia Aérea significam melhorias para os usuários. As fusões mais recentes que transformaram, por exemplo a TAM e a LAN, em Cias. gigantes, não trouxeram nenhuma vantagem para os usuários, ao contrario, tudo ficou mais difícil e muito pior. A fusão da TRIP com a Azul, se foi boa, só atendeu às duas Cias., pois os preções já estão mais caros. Se não bastasse, qualquer mudança, que antes eram feitas sem muita burocracia, hoje tem taxas, mesmo que haja disponibilidade.

Pagamos até pelo que deveria ser obrigatório, como os assentos nas saídas de emergência. O instrumentalismo e a sanha pelo lucro tornaram-se obsessão, enquanto que o passageiro virou apenas um numero. Em países de dimensões continentais como o Brasil, sem estrutura e alternativas, onde o avião é serviço de utilidade publica, viajar de avião não é um luxo, mas uma necessidade. Nossos governantes ainda não perceberam que a atividade precisa de regulamentação, não pode ser sujeitas às leis de mercado, sobretudo para o Norte e Nordeste do País. Até que haja concorrência de fato, a prática mostra que as Cias. estão fazendo o que querem e precisam de um freio.

(*)José Aparecido Ribeiro
     Bacharel em Turismo
    Consultor de Empresas
    Profissional de Turismo há 25 anos.
    Diretor da ABIMEMG
 

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