quinta-feira, 11 de setembro de 2014

É a estupidez, estúpido!

11/09/2014

 O fator mais influente desta eleição presidencial é a ignorância do eleitorado. As  campanhas miram na ignorância das massas e nela investem suas forças. Não  para esclarecê-las, mas para eleger seus candidatos. Isso não é ilegal e é muito  eficiente. Mas para onde vai nos levar? E para onde não vai nos levar?

 Países como Reino Unido e Espanha sofreram pesadamente com a crise  econômica global, mas os eleitores espanhóis e britânicos elegeram partidos da  oposição que prometiam apertar o cinto para arrumar as contas públicas e depois  voltar a crescer. Votaram pela austeridade em plena crise porque ouviram e  concordaram com os argumentos dos que a defendiam. E hoje começam a sair da  crise com as finanças públicas mais fortes.

 Corta para o Brasil. Quem ousa propor austeridade pública, um princípio no  mínimo defensável em qualquer momento e especialmente aqui e agora, é  acusado imediata e intensamente de insensibilidade com o povo, antipobre, pró- demissões, vendido aos banqueiros, capitalista desalmado etc.

 Qualquer debate minimamente propositivo e esclarecedor é transformado  deliberadamente numa lama que deixa tudo no chão. O cinismo adiciona insulto  à injúria.

 Assim como no resto da América Latina, o Estado é visto no Brasil como  provedor natural de benesses à população tão sofrida e maltratada. O problema  da solução populista é que, além de ineficaz, é sempre irracional e emotiva.

 Os fatos são menos importantes que as ideias _uma verdade "maior" se impõe,  mesmo que negue verdades verificáveis e históricas. O discurso do governo sobre  a recessão (negando dado divulgado pelo próprio IBGE), sobre o atraso de obras  (só não atrasa obra quem não faz obra) e sobre a corrupção (mais casos de  corrupção são investigados agora porque o governo permite essas investigações)  são exemplos de como se estima a inteligência popular.

 James Carville, marqueteiro americano, cunhou frase imortal na primeira eleição  de Bill Clinton contra Bush pai, em 1992: "É a economia, estúpido". Fazia  referência à crise econômica nos EUA que impediria a reeleição do presidente  republicano. No Brasil, diante de uma estagnação em grande parte causada pelos  erros grosseiros de política econômica do time Dilma, a eleição atual pode  tropicalizar a regra de Carville para "é a estupidez, estúpido".

 Paulo Francis dizia (provavelmente citando alguém) que ninguém nunca perdeu  dinheiro apostando na ignorância do povo. Talvez nem eleição. Como disse Lula,  será um longo segundo turno. 

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