terça-feira, 22 de outubro de 2013

Involução Urbana de Belo Horizonte

Por José Carlos Laender

Belo Horizonte foi a cidade planejada para ser a capital de Minas pelo engenheiro paraense Aarão Reis, entre 1894 1897; tendo como exemplo Washington a La Plata, na Argentina.

Interessante é que foi construída antes mesmo da invenção do automóvel , mas com ruas largas de 20 metros   e avenidas de 35 a 40 metros de largura, isto dentro da Avenida do Contorno. Entre 1945/50 a cidade se desenvolveu para fora dos limites  da Avenida do Contorno e os proprietários  das glebas, para ganhar mais lotes estreitaram as ruas pela metade, para 10 e 12 metros, e as Avenidas para 15 e 20 metros de largura.

Houve assim, já em plena era do automóvel uma involução urbana em BH, com o estreitamento das ruas e avenidas pelas metade graças à especulação imobiliária visando apenas o aumento do numero dos lotes em média de 360 m² (12x30).

O Parque Municipal, grande área verde central que tinha mais de 550.000 m² foi reduzido para os atuais 150.000 m². Os limites eram  da Avenida Assis Chateaubriant até o Bairro Floresta e pela Avenida Alfredo Balena até a Praça Hugo Werneck (Santa Casa de Misericórdia) cujos espaços foram ocupado pela Rede Hospitalar, pelo DER MG e pelo campo do América, atual Extra Hipermercados.

Como os córregos (Acaba Mundo, Gordura, etc.) foram canalizados e transformados em vias de automóvel em detrimento das áreas verdes margeando estes córregos eliminando as areas verdes (meio ambiente) em função do uso do automóvel, da qual o planejamento urbano desta BH foram realizadas em função do automóvel e não do homem.

Antigamente o calçamento das vias publica nos bairros eram com calçamento poliédrico, com solo que absorviam as águas  pluviais (de chuva0 e evitava enchentes . Atualmente em nome do progresso a pavimentação das ruas estão sendo todas asfaltadas, impermeabilizando o solo, aumentando assim o volume das águas provocando enchentes no Ribeirão Arrudas , Ribeirão do Onça, Ribeirão Pampulha. Etc.

Nos bairros de BH deveriam asfaltar apenas as avenidas e ruas principais usadas por ônibus e de trafego intenso , o restante das ruas continuaria com o calçamento de pedra poliédrica drenando água pluvial.

Belo Horizonte enfrenta atualmente, o grave problema da mobilidade urbana graças a liberação irresponsável do IPI (Imposto Produtos Industrializados) pelo Governo Federal de incentivo à compra de veículos significando o acréscimo diário de 600 veículos/dia o que significa cerca de 150.000 veículos/ ano,com o mesmo sistema viário do Engº Aarão Reis de 126 anos atrás (1897).

Em 1980/82 quando eu era Presidente do IAB-MG (Instituto de Arquitetos de Brasil secção de Minas Gerais) , sugerimos à METROBEL (Órgão de Trafego e Transito em BH) que implantou a experiência do prefeito Jaime Lerner de Curitiba (que visitei por uma semana) com corredores centrais nas Avenidas para os ônibus de transportes coletivo e assim foram construídos faixas centrais nas Avenidas Paraná e Av. Santos Dumont que depois foi rejeitada e destruída pela nova administração da BHTRANS/PBH. Agora em 2013 está sendo reimplantada pela BHTRANS dizendo que o BRT (Bus Rapid Transport) é a solução do transporte coletivo em BH, acontece que as linhas propostas vão esbarrar na emperrada solução dos viadutos da Lagoinha; que  ali fica congestionado e não anda.

A origem do BRT (Ônibus Rápido)  é oriunda da cidade de Curitiba implantada pelo Prefeito arquiteto Jaime Lerner  (duas vezes prefeito de Curitiba) e que já foi aproveitado em mais de 200 metrópoles em todo o mundo , mas sempre com referencias à cópia da solução de transito de Curitiba. Houve portanto um retrocesso, de 33 anos que veio através  da (BHTRANS/PBH) dizendo copiar a moderna solução do BRT (Bus Rapid Transit) da Colômbia e dos Estados Unidos para aplicar como nova solução de melhorias do transito para BH, denominado BRT que agora é denominado MOVE.

O Grande problema de BH é que quando a CBTU/RFFSA ao executar  a única  linha do METRÔ DE SUPERFICIE  da Estação Eldorado  à  Estação Vilarinho, suprimiu as linhas de trem de subúrbio que atendiam a várias cidades em torno de BH (Sabará, Betim,Contagem, Nova Lima, Rio Acima, etc.) o que não aconteceu com o Rio e São Paulo que permaneceram como transporte sitpúblico ferroviários complementar de subúrbio. Daí o nosso METRÔ DE SUPERFICIE com apenas 28,1 km , tendo apenas uma linha que transporta atualmente 160.000 passageiros/dia.

Para ajudar no transporte dos moradores de BH a BHTRANS executou vários quilômetros de ciclovias que ainda não deram certo  por falta de habito da população, sendo necessário criar bicicletário nas estações de ônibus e metrô e outros incentivos como bicicletas publicas. Uma das soluções aventadas por nós para a melhoria do trafego em BH é o de implantar taxi-lotação nos principais corredores de transportes de BH, a fim de possibilitar aos proprietários de automóveis usarem os taxi-lotação e deixarem os carros na garagem. Além do METRÔ, é necessário que a RFFSA /CBTU voltem com os trens de subúrbios para atender as cidades satélites. Belo Horizonte tem 2,4 milhões de habitantes e 1.500.000 de veículos e possui 2,3 habitantes por veículos que leva em média 36,7 minutos no trajeto casa – trabalho.

O estacionamento subterrâneo proposto pela PBH/BHTRANS para resolver o problema das vagas dos veículos na área central de BH pode ter efeito contrario, pois estão previstos 3895 vagas somadas às 20906 vagas do rotativo que pode receber até 91.537 veículos. Isto significa incentivar o uso e o acréscimo destes veículos circulando neste já congestionado centro urbano de BH . A solução da mobilidade urbana  é incentivar principalmente o uso do transporte coletivo (Ônibus, metrô, taxi-lotação, trem subúrbio, e o MOVE METROPOLITANO.

Em 1980 , na gestão do prefeito Mauricio Campos com George Norman Kutowa na presidência da BELOTUR e com a participação  efetiva do IAB-MG, do qual eu era Presidente, foi planejado a 33 anos atrás do PARQUE DAS MANGABEIRAS com 2,4 milhões de metros quadrados, projeto do grande paisagista Roberto Burle Marx em que estava planejado um teleférico que saia da praça Cidade do Porto   (Rua Trifania com Avenida Bandeirantes) até o cume  da Serra do Curral com parada intermediaria na Praça das Águas.

Era para ser realizado em PPP (Parceria Publico Privada) com restaurante, bar, lanchonete panorâmica e local de camping/hotel; etc. tornando-se  numa grande atração turística para BH na época da  COPA DO MUNDO (2014)  e nas OLIMPIADAS DE 2016

Constata-se que  BH ficou os  últimos 10 anos sem que o Governo Federal construísse 1 metro  sequer de linha do METRÔ e a ultima vez que isto aconteceu foi ainda no Governo FHC na gestão do presidente da CBTU ( Companhia Brasileira de Trens Urbanos )  Ziza Valadares que  me   convidou para assistir a inauguração de nova ESTAÇÃO VENDA NOVA ( Estação Vilarinho) integrado com os ônibus da Região Norte.

Mas com a proximidade das eleições presidenciais de 2014 o Governo Federal deverá liberar mais de R$ 4 bilhões necessários para implantar a nova linha do METRÔ DE BH como obra do Governo Federal, para eleger seu candidato a governador de Minas. Acontece que não previram que a construção da nova linha subterrânea de metrô em BH levará mais de 4 anos pois o subsolo na área central é de pedra gnaisse.

E como ficará BH nestes quatro anos de espera pela conclusão da nova linha de METRÔ, sendo que sofre um aumento de cerca de 150.000veiculo/ano, significando mais 600.000 veículos em quatro anos???? Não gosto nem de pensar e acordo com pesadelo desta triste realidade de BH.

(*) Arq. José Carlos Laender Castro
Membro Fundador do PSDB
Presidente IAB_MG( 80/81)
Presidente URBEL(90/91)
VICE-PRESIDENTE SOM

( Sociedade Ornitológica Mineira

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