A inquisição chegou a Portugal em dezembro de
1496. Portanto, o Brasil
"nasceu" durante plena Inquisição Íbero-lusitana, que durou quase
três séculos e meio. Milhares de judeus portugueses foram forçados à
conversão ao catolicismo sob pena de morte. Eram os chamados
cristãos-novos, “Marranos”, “Anussim” ou mesmo
“Criptos-Judeus”, que esperavam encontrar no Brasil um lugar mais seguro
para se viver, longe das fogueiras inquisitoriais.
Entretanto, em 1591, o país recebeu o inquisidor português
Heitor Furtado de Mendonça, que instalou uma extensão do Santo Ofício
para perseguir, processar, deportar, torturar e condenar esses imigrantes e seus
descendentes, dos quais muitos terminaram executados nas fogueiras da
Inquisição, em Lisboa. Este será o tema do primeiro Museu da História da
Inquisição do Brasil, cuja inauguração ocorrerá no dia 19 de agosto, em Belo
Horizonte. O objetivo é contribuir para a inclusão social e o combate à
intolerância religiosa.
O espaço oferecerá ao público uma biblioteca com mais de 350
obras, constituída por uma coletânea de raríssimos livros sobre a
Inquisição, datados de 1637, e outros documentos originais anteriores a
esta data. Também contará com um miniauditório com recursos de multimídia onde
serão apresentados filmes sobre o período, além da exposição de fotos, gravuras,
textos e objetos. Também haverá um banco de dados para pesquisas sobre a
história e origem do povo judeu como um dos colonizadores do Brasil, coletando e
listando nomes e sobrenomes judaicos desses importantes colonizadores, dos quais
muitos foram condenados e executados pela Inquisição. O museu ainda vai exibir
vestuários da época e um pedaço do rolo de uma Torá que sobreviveu à perseguição
inquisitorial na Espanha, tendo sido usada ainda por muitos anos por judeus
sefaraditas durante a Idade Média. Uma sala do museu, chamada “Memorial dos
Nomes”, é dedicada aos brasileiros. Nela constarão os nomes e números dos
processos de condenação dessas vítimas da crueldade e da intolerância religiosa.
O projeto é uma iniciativa da Associação Brasileira dos Descendentes de Judeus
da Inquisição (ABRADJIN), instituição que já conta com mais de mil associados.
Mais informações: site.
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