Por Manoel Mário de Souza Barros (*)
O Brasil vive um momento histórico relacionado ao agronegócio.
Relatórios econômicos internacionais dão conta de um recuo de 2,1 % nos preços dos alimentos à estagnação
da economia, a mudança do câmbio e os fatores climáticos. Os últimos seis meses
foram atípicos na história da inflação brasileira. Esta deflação de 2,1% nos
alimentos retirou a culpa de nossa comida de ser o grande vilão inflacionário.
Foi a primeira retração do gênero, entre os meses de setembro e
fevereiro desde 1991, ano em que se iniciou a série histórica da inflação de
alimentos.
Entendemos ainda, que neste ano a carne também poderá cair de preço e
ajudar a puxar a inflação para baixo, mesmo ainda, com alguns embargos serem
mantidos por alguns países.
Evidentemente, que a malfadada operação “carne fraca”, não terá outras
conseqüências em outras cadeias produtivas no país. Os preços dos alimentos
caíram consecutivamente por seis meses, e notadamente não continuarao caindo.
No entanto, a queda não ocorreu na virada do ano, mas entre o primeiro e o
terceiro trimestre.
As nossas matérias primas do agronegócio no Brasil, entram na composição
de produtos em diversos outros setores. O efeito se espalhou. Cerca, por
exemplo de 70% da ração na avicultura é o milho. Então, o frango ficou mais
barato. Nossa alimentação, fora de casa sofreu um impacto de 25% sobre o preço
desses alimentos.
Assim, houve retração também no setor de serviços. Vivemos um choque de
oferta nos alimentos, só que é um choque positivo que reduz os preços.
O comportamento dos preços da comida foi tão inesperado, que na média,
desde setembro, vários analistas de
mercado e também vários jornalistas econômicos, acabaram prevendo índices
inflacionários mais altos, do que efetivamente se viu.
Finalizando nosso entendimento, a propalada estagnação econômica
brasileira, juntos com os fatores já mencionados, reduziram o consumo e
aumentou a oferta.
Com o câmbio baixo, deixaram as importações mais baratas e nosso clima
que favoreceu nossas colheitas. Nossos alimentos de vários tipos ficaram mais
em conta, desde frutas, legumes, os chamados” hortifrutigranjeiros”, produzidos
pelos pequenos produtores da agricultura familiar e até as grandes matérias
primas agrícolas como o milho e a soja, que tem cotação internacional.
(*) Superintendente Regional da Cia. Nacional de Abastecimento de São Paulo.
Diretor do Agronegócio da Câmara Internacional de Negócios.
Conselheiro do CEDAF do Governo do Estado de São Paulo e do CONSEA do Gabinete do Governador do Estado de São Paulo.